A depressão é uma doença psiquiátrica que afeta pessoas de qualquer idade, sexo, raça, condição cultural ou financeira.
Caracteriza-se basicamente por anedonia, apatia, alterações cognitivas (como capacidade de relacionar-se, de concentrar-se ou de tomar decisões), alterações psicomotoras (como lentidão, fadiga e sensação de fraqueza), alterações do sono (tanto insônia como hipersonia), alterações do apetite (com diminuição ou aumento do mesmo), déficit de libido, isolacionismo social, ideação suicida e prejuízo funcional (no trabalho ou na escola, por exemplo).
A depressão é diferente do humor triste situacional que é uma das emoções básicas do ser humano e corriqueiras vivenciadas por todo indivíduo em algum momento da sua vida.
Para que haja o diagnóstico de depressão os sintomas acima descritos devem ser duradouros, persistentes a maior parte do dia, quase todos os dias por pelo menos duas semanas, causando prejuízo no funcionamento global do indivíduo.
A prevalência de depressão é de cerca de 19% na população mundial. De 5 pessoas uma sofre, sofreu ou sofrerá de depressão. A OMS estima que em 2030 a doença será a mais comum, ficando à frente do câncer.
A depressão é mais comum entre pessoas de 24 a 44 anos, mas tenho percebido o aumento de casos entre idosos, crianças e adolescentes. As mulheres são mais acometidas pela doença pela questão hormonal e outras fatores ainda não tão evidentes. Também é mais prevalente em países subdesenvolvidos e de clima frio.
Em relação às causas, são inúmeras e bastante controversas. Acredita-se que o fator genético seja preponderante. Diferente do que muitas pessoas imaginam os estressores ambientais e sociais podem ser consequências da depressão e não as causas da mesma.
Existem muitos pacientes que comentam sobre o fato de não perceberam causas pontuais para estarem com a depressão, culpando-se ainda mais pela situação, o que dificulta o tratamento, piorando sobremaneira o prognóstico.
Existem evidências de desequilíbrio entre os neurotransmissores serotonina, noradrenalina e dopamina os quais atuam no sistema límbico cerebral, área das emoções. Outros processos que ocorrem a nível neuronal estão envolvidos. O estresse pode desencadear a depressão em pessoas que têm alguma predisposição genética.
Sempre lembrando que existem doenças clínicas que podem desencadear a depressão, nesses casos a depressão é tratada de forma secundária. O tratamento direciona-se para a doença de base até que os sintomas depressivos desapareçam.
O tratamento para depressão é essencialmente medicamentoso, com antidepressivos. Existem mais de 30 possibilidades de fármacos no mercado. Utiliza-se monoterapia ou associações farmacológicas por período que deve ser determinado pelo médico psiquiatra. Cada pessoa tem suas particularidades e podem apresentar a mesma doença de formas diferentes. O tratamento deve ser, portanto, individualizado. Algumas pessoas precisam de manutenção do tratamento por tempo prolongado e/ ou preventivo, dependendo de uma série de fatores a serem avaliados em consultório.
A psicoterapia auxilia no tratamento da depressão como coadjuvante, mas é importante que o paciente encontre-se emocionalmente mais estável e não na fase aguda da doença para que não haja agravo do quadro. Todas as possibilidades devem ser avaliadas pelo psiquiatra e prescritas se necessário. A psicoterapia auxilia na reestruturação psicológica da pessoa, aumentando sua compreensão acerca do processo da doença e resolução de conflitos que possam ter sido e tornarem-se gatilhos para novos episódios.